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Mértola: Projeto de combate à desertificação promove workshop sobre cercas elétricas para a conservação das pastagens

A iniciativa de participação gratuita dirige-se aos agricultores e técnicos inseridos no Parque Natural do Vale do Guadiana. É uma das ações de capacitação e de demonstração de boas práticas agrosilvopecuárias promovidas pelo Programa Territorial +SOLO +VIDA, um projeto de combate à desertificação que pretende promover a mitigação e a adaptação às alterações climáticas, num dos territórios do país mais afetados pela perda de produtividade agrícola.

No dia 24 de fevereiro,entre as 14h30 e as 17h30, decorre em Corte Gafo de Cima, no concelho de Mértola, a primeira ação de capacitação e de demonstração do Programa Territorial +SOLO +VIDA: “Cercas Elétricas para a Gestão de Pastagens”, um workshop organizado pela ADPM-Mértola em parceria com a Cooperativa Agrícola do Guadiana.

A instalação de vedações, permanentes ou móveis, em áreas pastoreadas por ovinos é uma prática que permite gerir o efetivo animal e consequentemente as pastagens, o que em combinação com a frequência, duração do período de pastoreio e a época do ano, tornam o pastoreio compatível com a regeneração dos solos e do Montado. Esta representa uma das dez boas práticas agrosilvopastoris sugeridas no projeto +SOLO +VIDA A disponibilização de nutrientes e de matéria orgânica no solo é uma das vantagens do pastoreio extensivo. No entanto, o comportamento natural do gado promove o sobrepastoreio de algumas espécies herbáceas em detrimento de outras que têm condições para uma maior propagação. As cercaselétricas permitem gerir de forma mais precisa a permanência dos animais, e portanto, o pastoreio, podendo servir também para direcionar o gado para locais com menos fertilidade e maior necessidade de matéria orgânica.

Estima-se que a desertificação impacte 60% dos solos do Alentejo. A perceção dos danos produtivos associados à perda de solo arável é uma preocupação comum entre os 18 agricultores parceiros, inseridos no Parque Natural do Vale do Guadiana e distribuídos pelos concelhos de Mértola e Serpa. Inscreveram-se voluntariamente no +SOLO +VIDA para acolher nas suas explorações agrícolas e pecuárias as boas práticas propostas neste projeto de luta contra a desertificação.

A decisão de promover este workshop resultou de um levantamento das necessidades e das principais preocupações dos agricultores, recorrendo a metodologias que põem em prática a proposta de um modelo de governança participado que procura incluir todos os agentes do território na proteção do solo, um recurso que requer milhares de anos a formar-se e que está na base do nosso sistema natural e alimentar”, contextualiza Maria Bastidas, técnica da ADPM e coordenadora do Programa Territorial +SOLO +VIDA.

Em alternativa às vedações fixas e permanentes, as cercas elétricas são uma solução prática para o agricultor, permitem uma maior flexibilidade e versatilidade da divisão parcelar, com custos de investimento significativamente menores, mas que no caso de serem móveis, implicam uma maior necessidade de mão-de-obra para a montagem e desmontagem das cercas e verificação periódica do seu correto funcionamento.

Possibilitam, ainda, a gestão equilibrada do pastoreio, por rotação de parcelas e a recuperação gradual da vitalidade do solo, o que favorece o crescimento de pastos diversificados e mais nutritivos para as ovelhas criadas em modo de produção extensivo no Parque Natural do Vale do Guadiana.

João Madeira, produtor de ovinos e presidente da Cooperativa Agrícola do Guadiana, salienta que “as cercas elétricas são uma ferramenta de grande utilidade para a gestão de animais em pastoreio, uma vez que possibilitam, com custos aceitáveis, organizar o território a pastorear de forma a ir, simultaneamente, ao encontro das necessidades dos animais e das pastagens”.

Sendo uma ferramenta assente sobretudo em tecnologia, é fundamental a capacitação dos seus utilizadores, por forma a criar condições para um uso eficaz deste tipo de equipamentos”, acrescenta.

A gestão correta do gado beneficia, ainda, a proteção de manchas de regeneração natural e a preservação de pequenos bosquetes, criando um montado mais adaptado e resiliente às alterações climáticas.

 

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