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“O Alentejo, é uma das partes do nosso país, mais esquecida naquilo que é o apoio às vitimas”, diz Daniel Cotrim, presidente da APV (c/som)

Foram divulgados recentemente, pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), através do seu Relatório Anual, os números de vitimas de violência doméstica em Portugal, que revelam, a nível nacional, denúncias de 9.612 vitimas.

Segundo o mesmo relatório, em 2015, as 9.612 vítimas de crime que chegaram à APAV, 82,2% eram do sexo feminino e tinham idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos (39,5%).

Eram sobretudo casadas (30%) e com um tipo de família nuclear com filhos (37,7%).

No que diz respeito à escolaridade e à atividade económica, o grau de ensino situa-se entre o ensino básico (3.º ciclo), o ensino secundário e o ensino superior (16,6%), sendo que 27,8% destas vítimas encontrava-se a trabalhar.

Relativamente aos autores do crime, as 9.612 vítimas que chegaram à associação, foram vítimas de 9.913 autores. Destes, 81,3% eram do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (25,5%). 31,9% dos casos eram casados e possuíam uma ocupação profissional (29,5%).

De acordo com os dados recolhidos, os locais do crime mais referenciados foram a residência comum. Relativamente ao contacto junto das entidades policiais, em 39,3% das situações foi formalizada uma queixa / denúncia.

No Alentejo, o distrito de Évora, é aquele onde mais denúncias são apresentadas, 54, segue-se Portalegre com 24 e Beja com 23.

Números que devem ser olhados “de uma forma positiva”, como declarou à Rádio Campanário, Daniel Cotrim, presidente da APAV, porque estes números são o resultado de haver “cada vez mais pessoas informadas e sensibilizadas para as questões da violência doméstica e por isso também, recorrem com mais facilidade aos serviços disponibilizados nos locais para fazerem as suas denúncias”.

No entanto, nos últimos tempos tem surgido um aumento do número de denuncias apresentadas por pessoas do sexo masculino, o que, de acordo com os números da APAV, este aumento situa-se nos 14% a 15%, e do ponto de vista do dirigente associativo, também tem que ser encarado de uma forma positiva porque “reforça a perspetiva do apoio em Portugal relativamente à violência doméstica nos últimos anos, que cada vez mais é um problema que se dirige aos dois géneros e que tem como base as questões de poder, apesar de depois haver especificidades relativas à violência contra os homens e contra as mulheres, mas é importante as pessoas terem consciência que a violência doméstica acontece contra os dois géneros”.

Questionado sobre o perfil do agressor, refere que “na maioria das vezes”, e no caso da violência contra as mulheres, “são homens relativamente jovens entre os 26 e os 56 anos de idade, empregado, com habilitações académicas, sem problemas de adições, como o álcool ou as toxicodependências”, de alguma forma, “relevantes para a violência que exercem”.

Daniel Cotrim realça que o facto de uma pessoa ser alcoólica, “não está relacionada com episódios de violência doméstica”, garantido que segundo a experiencia no terreno, “muitas vezes o álcool é tomado a seguir ao ato violento, ou seja para acalmar”, não havendo “uma relação direta”, apesar de sempre se ter associado o álcool “como desculpa para a violência doméstica, mas não é uma variável importante”.

Salienta, depois de questionado, que a casa-abrigo “deve ser sempre entendida como o fim da linha na questão da segurança e da promoção da segurança das vitimas é para isso que elas servem”, ou seja, “quando é avaliado o grau de risco e seja de tal forma elevado, que poderá perigar a vida daquela mulher ou daquele agregado familiar, que é preciso desloca-la para uma casa-abrigo”.

“Infelizmente”, assinala, “o Alentejo, é uma das partes do nosso país, mais esquecida naquilo que é o apoio às vitimas”. No entanto, “quem pretenda apresentar uma denuncia, “pode dirigir-se às autoridades da GNR e PSP”, o mesmo acontecendo com os vizinhos que podem apresentar queixa anonimamente “por telefone”.

Apesar de estar disponível a Linha de Apoio à Vitima 116 006, todos os dias uteis entre as 9h00 e as 19h00, Daniel Cotrim lamenta que não exista “um gabinete físico de apoio à vitima no Alentejo”.

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