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Segunda-feira, Abril 29, 2024

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“O cante Alentejano é uma paisagem sonhada, é um património em constante mudança e em constante mutação”, diz Paulo Lima diretor da Casa de Cante de Serpa (c/som)

“Foi surpreendente a adesão de Portugal ao cante, não esperávamos que fosse algo tão intenso, hoje as pessoas ouvem o cante de uma outra forma, é uma paisagem sonhada, ele é de quem o canta, de quem o interpreta e de quem o usa com o coração e com amor”.

São palavras de Paulo Lima, diretor da Casa de Cante de Serpa à Rádio Campanário.

O responsável pelo processo de candidatura do Cante Alentejano a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, diz que “hoje é uma realidade, o cante não só ultrapassou as fronteiras do Alentejo como neste momento se pode dizer que está globalizado, é comum ouvir-se grupos corais fora do Alentejo e a distinção da Unesco fez com que o cante ficasse conhecido à escala global, hoje o mundo inteiro conhece o cante”.

Relativamente ao fato de o Cante Alentejano se poder apresentar numa versão menos purista, através da junção de outras sonoridades, Paulo Lima refere que “o cante ao longo da sua existência enquanto interpretado pelos grupos corais, teve sempre uma dupla particularidade, haver um conjunto de grupos corais que tentam responder aquilo que se entende como cante alentejano e por outro lado, muitas experiencias, umas que tiveram continuidade outras que foram apenas experiencias, mas todas as formas são legitimas”, o cante, “é um património em constante mudança e em constante mutação”

Questionado sobre a perda da raiz identitária, Paulo Lima realça que “essa é uma grande questão porque se se criar uma outra interpretação, podemos já não estar a falar de cante”, acrescentando, “as formas canónicas que foram apresentadas á Unesco e que receberam a distinção poderão no futuro, correspondendo a outra coisa, perder-se, mas de cinco em cinco anos estes processos são avaliados e aí se fará a avaliação do que é o cante nessa altura”.

“No dossier de candidatura, o Cante Alentejano é um cante sem instrumentos, há uma voz, e entra um coro, a partir daqui tudo é possível, o cante tem uma coisa no seu interior que é muito interessante, ele cria-se constantemente e recria a sua identidade e isso é extraordinário, que se cante porque cantar é estar presente”, conclui.               

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