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Quinta-feira, Outubro 3, 2024

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“Oil Dorado” é um livro fotográfico que retrata um Alentejo desfigurado pelas monoculturas intensivas (c/ vídeo e fotos)

Ao longo de quatro anos, o geógrafo e fotógrafo André Paxiuta desenvolveu o projecto Oil Dorado, sobre um Alentejo descaracterizado pelas monoculturas intensivas e superintensivas de olival e amendoal, que agora pretende transformar em livro, através de financiamento coletivo.

“Qualquer pessoa que conheça minimamente o território alentejano percebe que, de há vários anos a esta parte, a paisagem se alterou de forma abismal.” Hoje, refere o fotógrafo e geógrafo André Paxiuta em entrevista ao P3, as culturas intensivas e superintensivas de olival e amendoal imperam sobre todas as outras. “Antes existia grande variedade de culturas de sequeiro e de prados. Hoje, a homogeneidade de culturas domina numa região que está, em mais de 70%, na mão de grupos estrangeiros. Sem respeito pela paisagem ou tradição dos locais, os custos para a região são imensos.” E é sobre esses custos que versa o projecto Oil Dorado, com enfoque no olival, que procura financiamento para a sua materialização em formato de fotolivro na plataforma de crowdfunding IndieGogo.

O projecto de Paxiuta descreve “a mutação silenciosa” do “território prometido do Alqueva”. “Regado a partir do maior lago artificial da Europa, onde crescem oliveiras aos milhares, azeitonas aos milhões, enriquecem-se pioneiros e abrilhanta-se o orgulho da nação”, pode ler-se na introdução do livro. “Na sombra desta corrida, encontrei a morte anunciada da paisagem alentejana que um dia conheci.”

Num ano excepcional para a produção de azeite – a maior produção da história do país devido à rentabilidade dos olivais superintensivos plantados a sul do Tejo, que são geridos, em 65%, por seis grupos financeiros estrangeiros ou luso-estrangeiros – “faz sentido olhar atentamente para o que está a acontecer”. “Visto de longe, um olival acabado de plantar parece um cemitério americano”, observa Paxiuta. “Ele domina o manto de verde em quilómetros e quilómetros até perder de vista. Esta é a nova realidade no Alentejo, sobretudo em Beja, Serpa, Moura, Ferreira do Alentejo.”

Imagens de André Paxiuta.

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