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Problemas da comunidade cigana no Alentejo “não se resolvem por milagre nem com uma única medida”, diz Ministra em Exclusivo à RC (c/som)

Em declarações exclusivas à Campanário, a Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, falou sobre a dificuldade de integração das comunidades de etnia cigana na região alentejana, sublinhando que não é fácil resolver este problema, afirmando que “não é para apagar a diferença, porque diferentes somos todos”, mas sim “para que essas comunidades possam ser mais bem integradas, nomeadamente no acesso à educação básica e à educação profissionalizante”.

São estas ferramentas, realça a Ministra, “que lhes permitem ter igualdade de oportunidades, mantendo as suas diferenças, mas não vendo as suas oportunidades limitadas à partida”. Isto porque, nestas comunidades, “uma mulher que não vai à escola, ou que é casada, forçadamente, muito jovem ficará para o resto da vida limitada nas suas oportunidades”.

“A educação é o melhor instrumento para a sua integração”

 

 

Assim, “o que nós queremos garantir não é que ela não se case, é que o facto de se casar não impeça de continuar a frequentar a sua escola”, refere a Ministra. Pois “a educação é o melhor instrumento para a sua integração”.

Porém, Maria Manuel Leitão Marques admite que “há outros problemas, de habitação, até o problema da caixa de correio”, pois “às vezes é difícil de contactar com a comunidade, dada à sua itinerância” e que “são problemas muito complexos, que estamos a ver integramente”.

Nesse sentido “aprovámos a estratégia para a integração das comunidades ciganas”, mas estes problemas “não se resolvem por milagre nem com uma única media”, pois “haverá casos mais bem-sucedidos e casos que podem ser menos bem-sucedidos, mas temos que olhar para todos com esperança”.

Questionada sobre a resistência, muitas vezes, da própria comunidade, a própria admite que “é exatamente essa resistência que temos que ir vencendo”.

Além disso, Maria Manuela Leitão Marques acrescenta que “existe também o outro lado”, que passa por “ensinar à outras crianças as características da comunidade cigana, porque também é na troca de culturas que se esbate a reação negativa”. Uma vez que “se nós conhecermos a cultura uns dos outros, menos reagimos mal à diferença”.

Como tal, a Ministra dá o exemplo do trabalho que é feito “com a língua e a com cultura das comunidades que recebemos de migrantes e refugiados”.

Já Alexandre Santos, responsável pelo projeto “Giro ó Bairro”, um projeto que procura envolver as diferentes comunidades civis no processo de erosão das diferenças sociais, refere que “depende muito também dos técnicos que estão no terreno para passar essa responsabilização das medidas que existem” e ao mesmo tempo “da vontade”.

“Nós por exemplo, a nível nacional, temos alguns elementos da comunidade cigana que já têm uma mentalidade mais aberta, que já têm alguns estudos”, refere. Da mesma forma que existem projetos como o Programa OPRE, que serve para “auxiliar as pessoas da comunidade cigana a concluírem o ensino superior”. São, em si, membros da comunidade que “estão, de alguma forma, a desbravar caminho para abrir a mentalidade, mantendo e cumprindo a tradição cigana, mas cumprindo e inserindo-se também na sociedade”.

Casos de sucesso onde “estamos a falar de uma minoria” dentro da comunidade, contudo “são estas pessoas que são importantes para desbravar caminho e também que nos ajudam a nós, técnicos que estamos no terreno, como exemplo, para abrir também a mentalidade das pessoas com que trabalhamos diariamente”.

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