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Domingo, Junho 2, 2024

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Quando a noite se fez dia no Alentejo…

O meteoro observado na noite de sábado em todo o país é um fenómeno normal, embora raramente se apresente com esta dimensão. Normalmente, estas rochas espaciais vaporizam-se na atmosfera, não restando fragmentos de tamanho considerável. Esta é a explicação de Nuno Peixinho, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Universidade de Coimbra.

Segundo o especialista, “estes bólides”, devido à elevada velocidade a que se deslocam, podem parecer estar mais próximos do que realmente estão. “Estes bólides”, afirmou Nuno Peixinho, “podem dar a sensação de estarem a uma distância e, afinal, não estarem assim tão perto de onde são observados”.

Anualmente, cerca de 50 mil toneladas de poeiras espaciais caem na Terra. Para registar estes fenómenos, existe uma rede de câmaras em Portugal e Espanha que são acionadas automaticamente. Através do cruzamento desses dados, é possível determinar se algum fragmento caiu e, caso afirmativo, calcular a sua localização com alguma precisão.

“São bocados de rocha que vêm a grande altitude e velocidade, entre os 10 e os 70 quilómetros por segundo”, explicou Nuno Peixinho à agência Lusa. Tal como as estrelas cadentes, embora estas sejam muito mais pequenas, os meteoros consomem-se na atmosfera, deixando um rasto de luz devido ao processo químico da vaporização. No caso de uma luz azul, “indica que o tipo de material que está a arder, a vaporizar, é o magnésio”.

Devido à enorme velocidade, a pressão exercida na atmosfera é tão grande que a temperatura pode facilmente atingir os 25 mil graus, vaporizando tudo. Peixinho destacou ainda que, “como se ensina na escola, se caiu no chão é meteorito, se não caiu é meteoro”.

Nuno Peixinho tranquilizou a população, afirmando que não há motivo para receios, uma vez que este é um “fenómeno isolado”. A maioria dos meteoritos caem no oceano e, estatisticamente, é menos provável que caia no solo português. “Seria preciso muito azar para um meteorito cair em cima de alguém ou de alguma coisa”, enfatizou o astrofísico.

Quanto aos fragmentos do meteoro, é possível que alguns tenham caído, mas “a grande questão é saber se os vamos conseguir encontrar”, o que poderá depender da sorte ou persistência. O investigador sublinhou que meteoros de maior dimensão são raros, especialmente aqueles que produzem um rasto de luz tão intenso.

Foto: José Damião Félix

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