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Restauração da Independência de Portugal. Um teatro de operações em que o Alentejo teve o papel principal.

É graças ao feriado que  hoje celebramos, que todos lemos, escrevemos e falamos a língua de Camões. A Restauração da nossa Independência, foi fruto da luta armada entre Portugal e Castela que teve início no primeiro dia de dezembro de 1640 e que se prolongou por vinte e oito anos até ao tratado de Lisboa em 1668.

Após a entrada vitoriosa das tropas do conde de Albaem Lisboa, o trono português era assim incorporado na coroa espanhola e os portugueses perdiam assim a sua independência. Sobertudo pelo fato de o rei D. Sebastião ter morrido sem deixar descendência e de Filipe II, rei de Espanha, considerar que tinha pleno direito ao trono que ficara vago. Como era de esperar, aliás em qualquer guerra, o fator decisivo foi a força das armas e Filipe II – coroado Filipe I de Portugal – não cumpriu as promessas feitas nas Cortes de Tomar em 1581. Portugal deixou de ser um país soberano e pouco a pouco iam-se refletindo as violações aos seus direitos à medida que a prepotência espanhola era levada ao extremo. Ao ponto de arrasar os portugueses na política expansionista e aventureira que era praticada além-mar. O empobrecimento generalizado e o aumento de impostos eram determinantes fatores negativos da presença espanhola em Portugal e só contribuiram para reforçar a consciência nacional dos portugueses e os seus profundos anseios de recuperar a sua independência.

Estavam criadas as condições para uma revolta eminente contra o domínio espanhol e foi o que aconteceu em Évora em 1637. A denominada revolta do Manuelino foi um importante prenúncio da revolução de 1640. Essencialmente tratou-se de um movimento popular contra a tributação impiedosa, mas também entre a Nobreza e o Clero, propagavam-se já os mesmos sentimentos de insurreição. Esta situação deu origem a que o Duque de Bragança cedesse à pressão dos golpistas que preparavam o derrube da opressão espanhola e que pretendiam fazer dele o novo rei de Portugal.

É então que a 1 de dezembro de 1640, a revolta teve como efeito imediato a liquidação da autoridade espanhola em Portugal personificada no português Miguel de Vasconcelos, assassinado rapidamente pelos conjuntores. E nem sequer foi preciso esperar pelas Cortes para colocar de novo um rei Português no seu respetivo trono. Inaugura-se assim a Dinastia de Bragança, sendo o seu Duque coroado rei de Portugal com o nome D. João IV no meio de grande pompa e euforia popular.

Num primeiro momento foi relativamente fácil restaurar a independência nacional. Assugurá-la é que era o desafio, com os portugueses conscientes de que a reação de Espanha não era “se”, mas sim, “quando” iria acontecer. Embora esperada e inevitável, a resposta de espanhola ainda foi demorada, porque Espanha estava em guerra com a França (que aliás sugeriu a revolta a Portugal) e ainda havia um conflito na região da Catalunha. Portugal pode assim reorganizar o seu exército.Logo que subiu ao trono, D.João IV  tratou de equipar uma frota para proteção da metrópole e das províncias ultramarinas, empregando os rendimentos cobrados no equipamento de doze navios. Nasceu um exército de vinte mil infantes e quatro mil cavaleiros, calculando-se que 1.800.000 cruzados era a quantia necessária para o levantamento e municiamento da nossa força; porém, pouco depois, reconheceu-se a necessidade elevar a verba para dois milhões.

Na época, estava o País dividido em seis províncias:Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Algarve. O Alentejo, com as suas grandes planícies, viu os acontecimentos mais importantes da guerra, oferecendo principalmente à cavalaria extensos campos de manobra. O Algarve sentiu por pouco tempo os efeitos da guerra, à Estremadura os espanhóis nunca chegaram e nas restantes zonas operava essencialmente a infantaria devido às zonas mais montanhosas.

Uma sucessão de vitórias portuguesas sobre as forças invasoras espanholas tais como a batalha do Montijo, batalha das linhas de Elvas, do Ameixal e de Montes Claros acabaram por convencer a Espanha a aceitar a paz e a reconhecer a independência de Portugal junto dos principais países europeus. Seguiu-se outra batalha, desta vez a diplomática, para Portugal ser reconhecido na Europa como independente e soberano. Nessa magnífica ação diplomática distinguiram-se, entre outros, ilustres nomes como Padre António Vieira, António de Sousa de Macedo e o Conde da Vidigueira.

Até à morte de D.João IV (1656) nunca mais se formaram exércitos para invadir Espanha. Ergueram-se fortificações, guarneceram-se praças, diminuiram-se as despesas incompatíveis ouinfrutíferas de até então, pensando-se menos em fazer mal ao inimigo e mais em beneficiar o povo.

Ainda hoje somos a espinha atravessada de nuestros hermanos. Pois cá na peninsula, os espanhóisconquistaram – quase – todos os povos: catalães, galegos, bascos, valencianos… quase todos! Apenas faltou um “bocado”.

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