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Sábado, Abril 27, 2024

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SEMINÁRIO: “É preciso preservar esta arte. Que as novas gerações usem as mãos e o saber que vem de trás” diz Maria Filomena Gonçalves, Titular da Cátedra UNESCO(c/som)

A cidade de Estremoz acolhe hoje e amanhã, na Biblioteca Municipal, o Seminário “Cerâmica Tradicional do Alentejo: Um saber-fazer com necessidade de salvaguarda”.

O encontro de dois dias traz a Estremoz estudiosos e especialistas em cerâmica.

A abertura deste seminário decorreu esta manhã e a Rádio Campanário marcou presença e falou com Maria Filomena Gonçalves, Titular da Catedra UNESCO em Património Imaterial e Saber-Fazer Tradicional Interligar Patrimónios.

Maria Filomena Gonçalves começou por referir á RC “depois de todas estas apresentações aqui efetuadas eu penso que haverá espaço para todas essas formas de manifestação desta arte e ofício” sublinhando ainda “não creio que se possa concluir das duas apresentações que o caminho é um caminho único.”

Para a titular da Catedra UNESCO em Património Imaterial “há vários caminhos de defesa, de proteção e de valorização e de forma, sobretudo de fazer com que os detentores destas artes possam adquirir valor, para viverem da sua arte, independentemente do caminho que tiverem escolhido.”

Na sua opinião, acrescenta “há espaço para todas estas formas de manifestação que aqui vimos referidas, desde a mais tradicional na pequena olaria onde vai ser necessário um tipo de apoio e uma formação no sentido de se conseguir ganhar uma visão um pouco mais empresarial para que o negócio sobreviva, mas as outras opções, nenhuma delas deve ser excluída.”

Questionada sobre a salvaguarda desta arte, nomeadamente a transição que é necessária, do mestre oleiro que foi autodidata e os 11% de licenciados que já trabalham em cerâmica,  Maria Filomena Gonçalves referiu “eu penso que a transição tem a ver com uma mudança/revolução nas mentalidades e estamos a assistir a uma situação muito curiosa em várias atividades que é o facto de os jovens estarem como que a voltar à terra e por isso não me causa estranheza essa percentagem de pessoas que já têm uma formação diferenciada e que ainda assim querem voltar às origens e empreender esse tipo de atividade, porque os jovens são criativos.”

Para Maria Filomena Gonçalves “muitos jovens já perceberam que o futuro não está necessariamente nas grandes cidades, que é possível hoje reunir o mundo digital e o mundo artesanal” acrescentando “eu penso que a transição depende sobretudo da alteração das mentalidades e é isso que leva tempo a fazer.”

“O movimento do artesão em relação ao mercado e o movimento do mercado em relação ao artesão têm que se encontrar algures” referiu ainda Maria Filomena sublinhando ainda “as palavras e a tradição de que são detentores estes artistas tem tudo a ver com o meu espaço de reivindicação para a palavra pois eles também são detentores de terminologia além das práticas e, portanto, tudo isto forma uma cadeia.”

“Tem que haver um ponto de encontro , em que por um lado as novas gerações de artesãos já têm outras habilidades , como a componente digital, mas isso em nada retira que eles continuem a saber usar as mãos e a serem os atuais detentores de um saber que vem de trás e que foi transmitido por pessoas de 80 e 90 anos, e que se desaparecerem sem passarem esse testemunho, levam consigo um património em saber” referiu ainda não deixando de realçar que “é o ver fazer e a palavra do artesão , com a sua simplicidade que também deve ser valorizada e é por isso que não precisa de diploma.”

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