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Teletrabalho: Os Alentejanos que ficaram em casa em 2020

Foto: Instituto Publix

Para Cristina, o facto de passar mais tempo em casa em regime de teletrabalho permitiu-lhe uma aproximação maior do seu animal de estimação. A jovem de 22 anos confessa que, “eu sempre gostei de andar de bicicleta com a minha cadela porque tenho muitos campos à volta (…) e tenho-o feito com mais frequência porque estou todos os dias em casa. Antes não tinha tanto tempo para dar voltinhas com ela.”

A obrigatoriedade do teletrabalho, promulgada novamente pelo Presidente da República no dia 03 de novembro, trouxe algumas mudanças de vida a muitos dos profissionais do nosso país. A Rádio Campanário esteve a recolher testemunhos de habitantes no Alentejo que estão a experienciar esta nova realidade do trabalho à distância.

“Existe mais responsabilidade porque aqui em casa não tenho ninguém a controlar-me.”

Cristina Balta, residente em Évora e operadora de Call Center em regime de teletrabalho, conta que, após ter começado o trabalho à distância, começou “a ficar mais cansada mentalmente, e menos fisicamente, porque são muitas horas sentada a trabalhar, com apenas 15 minutos de intervalo. E o tempo passa muito depressa.”

Em relação ao seu espaço de trabalho, a jovem diz que se sente confortável ao trabalhar através do seu quarto porque, “é o meu refúgio”, no entanto, “é isolado, sem contacto físico e sem convívio,” confessa Cristina.

Para Maria Sousa, jovem de 22 anos, em posição de Consultora Júnior de Informática, trabalhar de casa envolve, “mais responsabilidade porque aqui em casa não tenho ninguém a controlar-me. Mesmo fazendo reuniões com colegas, eles só sabem se eu estou a trabalhar se entrego coisas. Há uma disciplina e responsabilidade maior,” confessa.

“O que tento fazer é mudar de divisão e não ter acesso às minhas coisas do trabalho.”

Para grande parte das pessoas que começou a tirar da equação do seu quotidiano as deslocações para o trabalho, este fator ajuda a criar novos horários de trabalho e a produtividade. “Eu costumava entrar sempre meia hora antes para entrar no sistema. Em casa, se me atrasar antes, depois compenso no final [do turno]”, conta Cristina.

Maria confirma esta vantagem ao explicar que, “se eu estou focada a fazer alguma coisa, mesmo que já sejam seis horas, eu vou acabar o que tenho a fazer e não estou preocupada de ter que ir para casa.”

No entanto, a flexibilidade dos novos horários do teletrabalho pode trazer mudanças significativas e levar, por vezes, à exaustão. “Comecei a deitar-me mais tarde e a acordar mais tarde, o horário muda bastante,” conta a operadora de Call Center.

Maria explica que não é fácil trabalhar no mesmo sítio destinado ao seu lazer, mas acredita que, “é muito a questão do fechar o computador e arrumar, porque eu sei que se tiver o computador ligado eu vou continuar a querer acabar algo ou a adiantar trabalho. O que tento fazer é mudar de divisão e não ter acesso às minhas coisas do trabalho.”

A RC tentou apurar se foram desenvolvidos ou recuperados novos hábitos desde que o Teletrabalho entrou em vigor no mês de março.

“Voltei ao hábito de ler, que tinha perdido na faculdade por falta de tempo. São hábitos que gostava de manter, mas eu sei que quando começar o novo normal, não vai acontecer com tanta regularidade,” confessa a consultora informática. Maria acrescenta que “a partir do momento que eu puder conviver mais com as pessoas não vou ter tempo para tudo o resto.”

Questionada se o teletrabalho veio para ficar e vê o futuro dos trabalhadores cada vez mais em casa, Maria diz que gosta muito “de estar no escritório e da interação com pessoas, mas acho que é bastante mais produtivo estarmos em teletrabalho. Imagino que para pessoas com filhos ainda seja melhor.”

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