O Fabrico de Chocalhos, considerado Património Cultural Imaterial desde 2015, é uma arte singular que existe na região do Alentejo há mais de dois mil anos.
Ofício importante na identidade da região, esta arte preserva-se ainda sobretudo nos concelhos de Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, tendo sido passada de geração em geração, O centro de fabrico principal fica na freguesia de Alcáçovas,
Rui Miguel, natural de Alcáçovas tem 30 anos e dedica-se a esta arte singular. À margem de uma visita à Feira de São Francisco que por estes dias decorre em redondo, a Rádio Campanário foi conhecer este jovem que se dedica ao fabrico do Chocalho.
Apesar da sua tenra idade, conta-nos “trabalho nesta arte de fazer chocalhos há onze anos e há cerca de três meses abri uma oficina por conta própria.” Rui Miguel explica-nos de onde vem este gosto “comecei a ver todo o processo de fabrico e a ficar curioso de como é que aquilo era feito e a pouco e pouco comecei a ir fazendo várias partes do processo até chegar aqui.”
O gosto pelo fabrico do chocalho na família é muito antigo “já um tio da mãe da minha mãe o fazia”. Trabalhou na fábrica de chocalhos em Alcáçovas durante onze anos “onde aprendi tudo”, um gosto que ia aprimorando em casa nos tempos livres, começando pelo fabrico dos chocalhos mais pequenos.
A trabalhar já por conta própria e ainda numa fase muito inicial a sua prioridade tem sido “divulgar a sua arte e trabalho para chegar ao maior número de pessoas.”
As suas peças já ultrapassaram fronteiras e já chegaram a Espanha.
Considera que a classificação como Património Cultural Imaterial da Unesco foi uma mais valia para esta arte pois como refere “procuram mais conhecer o processo do fabrico do chocalho”.
“O meu objetivo é manter viva a tradição do chocalho artesanal, assim haja pessoas que não deixem morrer esta arte” conclui.
O chocalho português é um instrumento de percussão tradicional, com um som inconfundível e um papel fundamental na paisagem sonora das áreas rurais, sobretudo onde ainda se pratica o pastoreio. A prática é transmitida de pais para filhos e requer um processo de fabrico manual muito próprio, antes das peças serem polidas e aperfeiçoadas.