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Sexta-feira, Abril 26, 2024

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“Não podemos olhar a estereótipos raciais, os empregadores deviam abrir mais a cabeça, da mesma maneira que não se deve proteger um individuo apenas por ser de etnia cigana”, diz del. reg. do IEFP (c/som)

Decorreu esta terça feira, 7 de janeiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Borba, a assinatura do Contrato Local de Segurança, entre o Ministério da Administração Interna e o Município de Borba.

A cerimónia contou com a presença do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita e da Secretária de Estado para a Integração e Migrações, Cláudia Pereira.

Lembramos que este contrato surge após os incidentes do mês de novembro de 2019, onde alegadamente um grupo de indivíduos de etnia cigana invadiu o quartel dos Bombeiros Voluntários de Borba, tendo chegado a agredir alguns dos elementos que se encontravam de serviço.

No final da assinatura do Contrato Local de Segurança, a Rádio Campanário falou Arnaldo Frade, Delegado Regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional, que começa por referir que “o IEFP é uma instituição cuja missão é promover o emprego com qualidade, fazendo um trabalho diário entre a oferta e a procura de emprego, promovendo ações de formação para capacitar os indivíduos para o mercado de trabalho”.

O delegado explica que “trabalhamos com pessoas que têm muitas vulnerabilidades e que exigem um acompanhamento mais próximo e mais intenso”, acrescentando que “falamos desde os portadores de deficiência, aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) que do ponto de vista socioeconómico tem dificuldades de integração”.

Segundo Arnaldo Frade “com a evolução favorável que o emprego está a ter, as pessoas que vão ficando para nós trabalharmos, são pessoas cuja inserção no mercado de trabalho é mais difícil”.

O delegado considera que “tudo o que foi aqui falado o IEFP já o faz, quer no âmbito da rede social quer nos núcleos locais”, no entanto, “não é fácil integrar pessoas que tem problemas prévios ás questões do emprego”.

As questões da segurança “não podem ser encaradas apenas do ponto de vista musculado das forças de segurança, mas sim em articulação com diferentes entidades públicas e privadas”, declara.

“Só com o esforço de todos será possível integrar mais pessoas, diminuindo assim as questões da insegurança”
Arnaldo Frade

Arnaldo Frade considera que “existe uma relação muito direta entre a insegurança e a falta de condições de subsistência das pessoas”.

“Não podemos enfiar a cabeça na areia e fazer de conta que os problemas não existem”
Arnaldo Frade

Questionado pela RC sobre a eventualidade de as empresas não aceitarem pessoas de etnia cigana, Arnaldo Frade começa por referir que “a nossa missão é formar as pessoas e inseri-las no mercado de trabalho, mas do ponto de vista da sociedade existe um conjunto de estigmas que não facilitam essa inserção”.

O delegado explica que “numa ação de formação num centro de emprego da região, tivemos alguns miúdos de etnia cigana que se destacaram na aprendizagem da área de formação, mas que quando se foram apresentar às empresas esse estigma impediu que conseguissem os empregos”.

“Enquanto povo e sociedade temos que abrir mais a nossa cabeça, por de lado os estereótipos e avaliar as capacidades de cada um pelo seu valor e não pela cor ou origem”
Arnaldo Frade

Arnaldo Frade considera “injusto tratar o todo pela parte, pois podemos ter problemas com 3 ou 4 indivíduos de uma comunidade, mas a restante está disponível para se integrar”, acrescentando que “tudo isto passa muito por dar uma oportunidade a quem se quer integrar, os empresários não podem ficar agarrados a estereótipos e preconceitos raciais ou de minorias”.

“O preconceito por vezes retira a possibilidade a pessoas que caso tivessem uma oportunidade poderia revelar todo o seu valor”
Arnaldo Frade

Questionado pela RC sobre se é mais fácil colocar estas pessoas em formação que no mercado de trabalho, Arnaldo Frade refere que “temos exemplos positivos em todo o lado, no entanto, é mais fácil colocar estas pessoas em formação na medida em que nós enquanto instituição publica estamos recetivos a recebe-los, agora uma empresa privada, onde o proprietário poe e dispõe a seu belo prazer, ele só admitirá quem bem entender”.

O delegado explica que “com isto não estou a dizer que existe um problema grave e que ninguém admite estas pessoas a trabalhar, existem casos de sucesso”.

Arnaldo Frade lembra refere que “ficamos muito contentes quando vimos um português que vinga no estrangeiro, mas já não ficamos tão satisfeitos com os estrangeiros que vão chegando ao nosso país, nem com pessoas que são de outra etnia e são tão portugueses quanto nós”, acrescentando que “é necessário abrirmos um bocadinho a cabeça e tentar dar a oportunidade a todos”.

O delegado não deixa de referir aos nossos microfones que “quando se portam mal, não é por serem de etnia cigana que devem ser protegidos, todos têm de ter os mesmos direitos e os mesmo deveres”.

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