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Sexta-feira, Abril 26, 2024

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“Se mantivermos as regras impostas e não baixarmos a guarda, iremos passar ao lado de uma situação muito grave”, afirma o Presidente do Município de Estremoz (c/som)

Em entrevista à Rádio Campanário, o presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Francisco Ameixa Ramos, mostra-se aliviado por o concelho ainda não registar nenhum caso confirmado de COVID-19. “Os testes que já foram realizados deram sempre negativo, portanto, estamos convictos que assim continuará a ser, mas de um momento para o outro, e como já vimos que este surto propaga-se de forma célere, podemos ter um ou vários casos no concelho de Estremoz”, alertou o autarca.

Apesar de ainda não haver casos de infeção, a autarquia “tem tomado as medidas de contingência que as autoridades de saúde recomendam e estamos preparados para reagir com os meios que temos ao dispor. A generalidade dos nossos funcionários estão em regime de teletrabalho, para evitar o contacto humano. Apenas os funcionários das limpezas, do lixo, do cemitério e alguns motoristas continuam a trabalhar no terreno”, frisa Francisco Ramos. Na sua opinião, acha que “a generalidade do Alentejo está mais ou menos abençoada. Tirando alguns concelhos que já estão devidamente identificados, o resto do Alentejo e da Beira Baixa não têm tido os problemas graves que tem tido as Áreas Metropolitanas de Lisboa e, sobretudo, a do Porto”.

O autarca afirma que a preocupação do município “é com toda a população”, mas admite que a maior apreensão é sobretudo, com os Lares de Idosos, onde o vírus tem tido maior impacto a nível nacional: “o nosso concelho tem uma dúzia de lares, e uma eventual infeção num deles traz-nos grandes preocupações, e ao mesmo tempo consequências indesejáveis”.

O presidente assume que o município tem recebido mais pedidos de ajuda da população, pelo que “tivemos que implementar na área da ação social alguns mecanismos, para ir ao encontro das recomendações que são ditas para esta área. Estamos em articulação com a Cruz Vermelha e com o Intermarché para levar cabazes de alimentos de primeira necessidade e encomendas que são feitas por cidadãos. O mesmo acontece em relação a medicamentos. Acionámos também a empresa que faz as refeições nas escolas, para alimentar um conjunto de pessoas com dificuldades e que de um momento para o outro ficaram desempregadas e essa procura tem aumentado de dia para dia. Esperamos que isto não se agrave muito mais, mas caso venha a acontecer ainda temos capacidade para aumentar essa disponibilidade e recorrer à satisfação das necessidades básicas da nossa população”.

Apesar de não ter o número de desempregados do concelho, afirma que “é fácil observar que, com vários setores, como restaurantes, de porta fechada, o desemprego vai aumentando. Há setores que continuavam a desenvolver-se e a criar postos de trabalho, praticamente de mês a mês e neste momento alguns destes terão que repensar a sua forma de funcionamento e alguns dos trabalhadores poderão perder o posto de trabalho e isso irá acontecer num prazo curto, mas tenho esperança que, se isto não nos atingir de forma tão agressiva como aconteceu em outros países, poderá haver condições para retomar com normalidade a vida social e a vida económica. Hoje estão praticamente cortadas as transações comerciais. Estou convencido que o setor dos vinhos deverá estar a atravessar algumas dificuldades, tendo em conta que não conseguem comercializar e transacionar o produto. Esperamos que depois deste surto, este setor consiga retomar a mesma dinâmica que existia até aqui”, expressa o autarca.

O setor económico e do turismo é um dos grandes motores do desenvolvimento do concelho e Francisco Ramos reconhece que a COVID-19 vai trazer grandes repercussões para Estremoz, porque “é um concelho de grande desenvolvimento no setor da restauração, dos vinhos e da hotelaria e estou convencido que estes setores terão dificuldades nos próximos tempos. Esperemos que seja possível retomar a normalidade da vida social e simultaneamente a normalidade da vida económica, mas obviamente, irá demorar algum tempo para isso”.

Sobre as decisões tomadas pelas entidades nacionais, na opinião do autarca “este Estado de Emergência tem sido eficaz e está a ser a chave do problema e de algum sucesso ao combate deste surto e creio que os resultados finais vão ser positivos. Agora, é um facto que somos um país com algumas fragilidades. Estou convencido que, se houvesse um pico muito grave da pandemia como houve em Espanha e Itália, seguramente entrávamos numa situação de falência do sistema de saúde em Portugal, porque era impossível haver capacidade de resposta. Mas se mantivermos este ritmo e prolongar este planalto, o SNS vai tendo capacidade de resposta para essas situações”.

Francisco Ramos admite que o futuro é uma incógnita e o que se tem feito agora “é especular. As pessoas com maior conhecimento do que está a acontecer (cientistas, médicos), de facto alertam que esta pandemia não irá desaparecer de um dia para o outro. Depois, há quem especule que vai haver uma segunda vaga, e há quem entenda que enquanto não existir uma vacina eficaz para combater a COVID-19 é bem possível que a forma de estar na sociedade tenha de ter algumas alterações e consequentemente também a operacionalização de toda a atividade económica terá que se ajustar a esses novos tempos. Mas eu penso que, para já, tudo isso será um bocado futurologia, visto que não há dados concretos que nos possa permitir concluir”.

O autarca deixa uma mensagem à população do concelho “Temos de ter esperança e fé que vamos ser capazes de ultrapassar este momento menos bom e que não se prolongue por mais tempo. Se mantivermos as regras impostas e não baixarmos a guarda, estou convencido que iremos passar, parcialmente, ao lado de uma situação tão grave como tem acontecido com outros países da Europa. Tudo aquilo que estiver ao alcance da Câmara Municipal de Estremoz para poder ajudar no combate a esta pandemia, diremos sempre presente”.

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