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Sábado, Abril 27, 2024

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Universidade de Évora instala estações sísmicas e acelerómetros nos Açores

Investigadores da Universidade de Évora (UÉ) estão a instalar estações sísmicas de banda larga e acelerómetros nos Açores para melhorar a localização dos sismos da crise sismovulcânica que afeta a ilha de São Jorge.

“A nossa equipa já instalou seis estações sísmicas de banda larga e um acelerómetro” para permitir “medir e melhorar a localização dos sismos”, afirmou hoje o professor e investigador da UÉ Mourad Bezzeghoud, em declarações à agência Lusa.

O investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT) da UÉ e docente do Departamento de Física da academia explicou que os equipamentos estão a recolher “dados” sobre os sismos para permitir “melhorar a compreensão das ruturas sismovulcânicas”.

“A rede de estações que está instalada mede a sismicidade das ilhas todas, mas, quando temos uma crise, é bom ter instrumentos muito perto para apanhar a localização precisa” dos sismos, sublinhou.

Segundo Mourad Bezzeghoud, quatro elementos do ICT deslocaram-se aos Açores para instalar os equipamentos e colaborar com os técnicos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e uma equipa do Instituto Dom Luiz, de Lisboa.

“Queremos registar o máximo deste enxame de sismos vulcânicos para tentar perceber a diferença” entre estes e os que “nós já conhecemos” de origem tectónica, sublinhou.

Ressalvando que “é complicado controlar este tipo de eventos naturais”, o investigador do ICT e docente universitário admitiu que possa ocorrer “uma erupção vulcânica submarina”, como aconteceu em 1964, junto à ilha de São Jorge.

“O CIVISA [Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores] registou a localização de microssismicidade vulcânica no sul da ilha, mas apanha também uma parte do mar. Portanto, pode ser uma réplica do que aconteceu em 1964”, admitiu.

Mourad Bezzeghoud assinalou que, além desta erupção vulcânica submarina, já tinham acontecido outros dois episódios idênticos, no mesmo local, em 1580 e em 1808.

“Pode haver uma pequena erupção vulcânica submarina visível no mar, através de uma mancha branca à superfície, mas também pode não ser visível”, acrescentou.

Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”.

Segundo disse aos jornalistas, na quinta-feira, o presidente do CIVISA, Rui Marques, o nível de alerta vulcânico de V4 é o mais alto possível para a atual situação, porque o nível V5 só pode ser acionado em caso de erupção.

Já hoje, o CIVISA revelou que, nas últimas horas, foram sentidos cinco sismos pela população da ilha de São Jorge, acrescentando que a atividade sísmica continua “acima do normal”.

A ilha está organizada administrativamente em dois concelhos, Velas e Calheta, onde vivem, respetivamente, 4.936 e 3.437 pessoas, segundo os dados provisórios dos censos da população de 2021.

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