Integrado nas comemorações dos 370 anos da Proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, decorreu este sábado, dia 16 de abril, no Santuário de Vila Viçosa, a Bênção dos Capacetes de Fogo.
Uma iniciativa conjunta da Federação Distrital de Bombeiros do Distrito de Évora, do CDOS de Évora, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa e da Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
Esta cerimónia revestiu-se para todos os bombeiros de um enorme significado pois, para além de serem homenageados aqueles que já faleceram, as corporações pediram à Padroeira a sua bênção para que o próximo dispositivo de combate a incêndios decorra sem incidentes.
À reportagem da Rádio Campanário, Inácio Esperança, Presidente da Federação Distrital de Bombeiros do Distrito de Évora e Vice-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa, declarou que a ideia da cerimónia surgiu por parte de um bombeiro de Vila Viçosa. “Já tínhamos falado nisso há dois anos mas não tinha sido possível ainda organizar, juntaram-se agora vontades para que isso pudesse ser possível”.
Expressa que é uma iniciativa da Federação de Évora, “mas não só, também do Comando Distrital de Operações de Socorro que se juntou e da Liga que também de alguma forma apoia”.
Inácio Esperança acrescenta que “o objetivo é pedir proteção a Nossa Senhora para o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios 2016 que é sempre doloroso e problemático para os bombeiros e infelizmente para o país e queremos lançar este ano uma ideia, e daí o convite à Liga Nacional, para uma bênção nacional que possa ocorrer aqui no Santuário da Padroeira anualmente. Vamos começar já a trabalhar para que no próximo ano, possamos fazer esta bênção com a dimensão nacional”.
Instado se todas as corporações do distrito participaram, refere que apenas uma não participou, “por impedimento de formação que estava programada e que não teve qualquer hipótese de desistir”.
Para o Vice-presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Raul da Silva, “é um momento especial porque os bombeiros, pela sua natureza e pela sua disponibilidade, são particularmente devotos e o simbolismo deste momento que foi delineado pela Federação de Bombeiros do Distrito de Évora, com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa e da própria Confraria de Nossa Senhora, foi um bom ensaio para aquilo que a Federação pretende fazer para o ano que será a nível nacional e a Liga dos Bombeiros Portugueses não quis deixar de estar presente e porventura, quem sabe, poder combinar a nível nacional, um momento destes (…)”.
Instado sobre as necessidades das corporações, Raul da Silva declara que “os bombeiros têm sempre uma dificuldade em fazer vencer as suas teses de que necessitam de mais meios porque de qualquer forma eles vão sempre socorrer e como naturalmente na esmagadora maioria dos casos tudo corre bem, quase que alguém que esteja de longe dirá que, se já têm esses meios e o resultado foi tão positivo, porque é que precisam de mais? A questão é sempre esta, quanto mais meios tiverem, quanto mais preparados estiverem, que é essa a sua exigência própria, melhor poderão prestar o socorro (…) naturalmente que são precisos sempre mais meios e enquanto a Liga dos Bombeiros Portugueses e as Federações não deixarmos de passar a mensagem destes meios e ao nível do Equipamento de Proteção Individual, tem-se feito um esforço enorme e que está visível (…)”.
Nuno Pinheiro, 2º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa, salientou que a Bênção dos Capacetes foi um momento emocionante, “como sabemos Nossa Senhora da Conceição anda sempre connosco, mas a missão deste ano dá-nos mais coragem, andamos mais protegidos (…) Nossa Senhora nunca nos tem largado (…) vai dar-nos mais vontade de trabalhar, mais vontade de socorrer e de fazer tudo pelos outros porque nos sentimo-nos protegidos por Ela e por Deus”.
A esta Estação Emissora, o Arcebispo de Évora, D. José Alves, começou por referenciar que a peregrinação da Zona Leste que aconteceu também neste dia, “é já uma tradição e este ano foi também regada de bênção e de muita chuva para os peregrinos (…) esta peregrinação insere-se também na vivência do Ano da Misericórdia e eles quiseram vir com grande devoção, com generosidade, com esforço. Este ano com grande sacrifício também por cauda da chuva. São o fermento de vida que lhes trás vida nova para esta zona e para toda a Diocese, uma bênção extraordinária”.
Salienta que relativamente aos bombeiros, “todos os anos eles vivem momentos complicados e difíceis, sobretudo na época do verão e alguns até têm perdido a vida, arriscam-se para que possamos ter uma sociedade harmoniosa e em paz e querem vir aqui pedir a bênção simbólica para os capacetes, a bênção para as próprias pessoas e é isso que nós vamos pedir para que Deus por interseção de Nossa Senhora os proteja na sua missão para que não sejam sujeitos a acidentes e nos ajudem a ter um verão de tranquilidade e de paz”.
Instado sobre a junção da Bênção dos Capacetes com a Peregrinação da Zona Leste ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, D. José Alves declara, “se a peregrinação tem um sentido mais de carater espiritual, a presença dos bombeiros tem um sentido mais de carater social, humano e completam-se uma à outra porque a grande finalidade é encontrar formas de que a sociedade se harmonize e possa viver tranquila e em paz e com muita esperança, aquilo que nos vai faltando nos últimos tempos”.
