Jaime Marta Soares, presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros, visitou este fim-de-semana (24/25 de novembro) o local onde colapsou a Estrada Municipal 255, que ligava Borba a Vila Viçosa.
Em declarações à RC, aponta a necessidade de “não andar a fazer caça às bruxas, mas tem que se apurar responsabilidades, a culpa não pode morrer solteira”.
O dirigente avança que acompanhou as operações no terreno, nomeadamente a retirada do corpo da segunda vítima na noite de sábado, afirmando que dada a dificuldade e o nível de risco, “é difícil fazer mais ou melhor do que se está a fazer”.
“Acredito que haja muita negligência à mistura, negligência grosseira”
Questionado sobre previsões para a duração das operações, afirma que a incerteza da localização das viaturas e dos corpos, defende que “possa ser rapidamente, que possa ser uma questão de horas, mas também pode ser de dias ou de semanas”.
“Acredito que haja muita negligência à mistura, negligência grosseira”, afirma quando inquirido relativamente às circunstâncias em que a tragédia ocorreu, apontando como culpado “acima de tudo o Estado”. É a este que cabe “o equilíbrio das sociedades”, nomeadamente na “prevenção e proteção civil”.
Marta Soares defende a existência, em Portugal, de “uma estrutura da Proteção Civil altamente preventiva”, contudo, defende que a necessidade de “criar uma cultura de Proteção Civil” para prevenir situações semelhantes. Incutindo “em cada um de nós” uma cultura direcionada que salvaguarde a segurança. “Se tivermos essa cultura, não tenho dúvida que as populações, também desta região, nunca mais vão deixar que uma estrada, que oferece aqueles perigos, continue assim com algum desleixo à mistura”, defende.
Reservando a atribuição de culpas para “quem compete”, reforça considerar “que o principal culpado disto tudo é o Estado, que muitas vezes se desresponsabiliza de coisas que tem obrigação de criar”.