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Domingo, Abril 28, 2024

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Central de Almaraz usa peças produzidas em fábrica com irregularidades e coloca em risco distritos de Portalegre e Castelo Branco

A central de Almaraz, junto à fronteira portuguesa, continua a preocupar, numa altura em que o Conselho de Segurança Nuclear espanhol revelou que a central de Almaraz, usa peças produzidas numa fábrica com irregularidades nos "dossiers" de controlo de qualidade.

Recorde-se que há muito tempo que é pedido o encerramento desta central que coloca em risco os distritos de Portalegre e Castelo Branco, já que a central nuclear de Almaraz, em Espanha, funciona desde a década de 1980, e está sediada junto ao Rio Tejo.

Além da central de Almaraz (Cáceres, a 100 quilómetros de Portugal), também a central de Ascó (Tarragona, Catalunha) utiliza nos seus reatores, peças produzidas numa forja da fábrica francesa Le Creussot, fornecedora da AREVA. As irregularidades foram detetadas, em abril, nos "dossiers" de fabricação da forja usada para produzir os componentes mais tarde usados nos reatores destas duas centrais.

Na prática estas irregularidades consistem "em discrepâncias, modificações ou omissões nos parâmetros de fabricação ou nos resultados dos ensaios obtidos, e que não estavam refletidas nos dossiers de fabricação dessas peças", indicou o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) num comunicado divulgado na passada quinta-feira.

Em concreto, as peças com irregularidades foram usadas para fabricar os geradores de vapor 2 e 3 da unidade 1 e o gerador de vapor 3 da unidade 2 da central nuclear de Almaraz, bem como os geradores de vapor 1 e 2 da unidade 1 e o gerador de vapor 1 da unidade 2 da central nuclear de Ascó. Também está em causa o rebordo da tampa do reator da unidade 2 de Almaraz.

Estas peças têm uma composição química (em percentagem dos metais que as compõem) diferente dos vários registos realizados durante o processo de forja.

De acordo com a investigação da CSN, tanto a empresa espanhola Equipos Nucleares – que adquiriu os componentes com irregularidades – como a AREVA – que forneceu os geradores de vapor – como a Westinghouse – que forneceu a tampa do reator nuclear de Almaraz – concluíram (através de testes de metalografia) que estas irregularidades no programa de controlo de qualidade "não têm impacto na integridade estrutural dos componentes mencionados".

Assim, e "face à informação existente até à data", a Direção Técnica de Segurança Nuclear "conclui que os componentes afetados são aceitáveis para que continuem a funcionar sem restrições".

Já a organização ecologista Greenpeace considera que o comunicado do CSN "confirma que as centrais de Almaraz e Ascó operam com peças de qualidade defeituosa", pelo que "manifesta a sua falta de confiança na Direção Geral de Segurança Nuclear" espanhola.

A Greenpeace reitera ainda o apelo para que as autoridades políticas de Espanha não "prolonguem a vida das centrais nucleares" e reforça que se devem manter os mais "apertados controlos de segurança".

 


 

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