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Segunda-feira, Outubro 7, 2024

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“Foram tempos difíceis mas, de mãos dadas, protegemos os nossos idosos desta pandemia” diz Jorge Rosa, Provedor da Misericórdia de Vila Viçosa(c/som)

Março de 2020… o mês que chegou negro, envolto no desconhecido trazendo consigo uma pandemia que ninguém esperava.

Com a chegada da Covid 19, alteraram-se rotinas, adiaram-se afetos, procuraram-se soluções e esperança, num verdadeiro desafio diário de resiliência. Os idosos, grupo só por si vulnerável e de risco em função da idade foi um dos mais afetados até surgir o processo de vacinação. Muitos foram os surtos confirmados em lares de idosos e o Lar de idosos da Santa Casa da misericórdia de Vila Viçosa não escapou a este flagelo.

Passaram dois anos e hoje, apesar da pandemia não ter desaparecido, o recente alívio das restrições implementadas no combate à Covid 19, permitem-nos olhar para o futuro de uma forma mais “colorida”.

Numa entrevista realizada pela Rádio Campanário a Jorge Rosa, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, fomos saber como se viveram estes tempos difíceis na Instituição.

Provedor há 24 anos foram muitos os momentos que já por ali viveu. No Lar de idosos estão atualmente 62 utentes, 95% do concelho de Vila Viçosa pois como nos referiu “nós somos Misericórdia logo estamos cá para resolver os problemas sociais, tendo criado estruturas para servir os mais idosos e os mais carenciados do nosso concelho.”

Questionado como foi viver esta pandemia, com o peso da responsabilidade de dirigente desta instituição, o Provedor Jorge Rosa diz “durante todos estes anos já passei por várias vicissitudes, mas como esta pandemia, nunca tinha vivido nenhuma.” Ainda assim é peremptório em afirmar “perante essas dificuldades arregacei as mangas e enfrentei o problema como é meu apanágio pois não podíamos voltar as costas aos problemas”, mas diz de imediato que não o fez sozinho enaltecendo “todos colaboraram na digna missão de proteger estes idosos” realçando igualmente que a Misericórdia de Vila Viçosa contou também com a ajuda preciosa de muitas instituições.

Ser médico e diretor do centro de saúde de Vila Viçosa foi também muito importante para todo o processo. Questionado sobre o que sentia nos momentos em que saía do lar sabendo que o problema estaria lá, à sua espera, no dia seguinte, adiantou à RC, “sou um homem de desafios e lancei mãos à obra.”

Recorda que quando os surtos tivemos que nos “organizar, pedimos ajudas às instituições, e felizmente tivemos o empenho dos colaboradores que, sem hesitar e perante a gravidade da situação, aceitaram ficar dois meses, de forma ininterrupta na Instituição, longe da sua casa e da sua família.”

Contou sempre com o apoio de várias entidades e mostra-se grato por isso. Gerir toda esta vivência em contexto de pandemia foi, para Jorge Rosa, um trabalho muito “motivante e único” nunca perdendo de vista salvaguardar o bem-estar dos utentes da sua instituição, mas também foi, como sublinha “muito exigente, mas que fiz com gosto tentando dar o máximo sempre disposto a resolver os problemas.”

“Cumpri a minha missão de Provedor e de misericórdia: auxiliar os mais frágeis, aqueles que necessitavam e que estavam em risco de vida” diz Jorge Rosa .

Lamenta todos os que partiram neste contexto, oito no seu total mas garante “fizemos tudo para salvar a sua vida.”

Jorge Rosa enaltece o comportamento dos utentes que, desde cedo perceberam as dinâmicas, no entanto “o mais difícil foi mesmo o isolamento”, das famílias, dos afetos, do toque.

Os dias mais negros ficam para trás e dão agora lugar a um presente mais “colorido”. As restrições estão a ser diminuídas e, apesar dos cuidados que não podem desaparecer, “brevemente as famílias destes utentes vão poder visitá-los na instituição ainda assim, separados por um acrílico porque temos que continuar a cumprir todas as regras.”

Apesar da animação disponibilizada pelos técnicos da Instituição, a saudade “mora aqui”, no coração de cada um destes idosos e neste momento, conforme refere Jorge Rosa,  “já não é fácil gerir o isolamento que já dura há muito e a falta que sentem da família.”

Um caminho difícil mas superado por isso não hesita nem um segundo em afirmar que só foi possível combater esta pandemia no lar porque “responsáveis, especialmente os funcionários que estiveram sempre na linha da frente, utentes e demais entidades deram as mãos e uniram-se na nobre missão de proteger os nossos utentes.

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