Jerónimo Cavaco, vereador na Câmara Municipal de Borba eleito pelo Partido Socialista nas eleições Autárquicas de setembro de 2013, e que há um ano atrás tinha pedido a suspensão de mandato, decidiu agora renunciar ao cargo.
Em entrevista à Rádio Campanário, Jerónimo Cavaco disse que não existem condições para regressar, alegando motivos profissionais, mas manifestando “uma mágoa muito forte”.
Jerónimo Cavaco referiu que na vereação “a única forma que existe é estar próximo das pessoas e não estando presente fisicamente no país e muito menos no concelho de Borba”, entendeu que “a única solução, para que outras pessoas pudessem desenvolver essa função, era sair da frente, era pedir a renúncia de mandato”.
No entanto o ex-vereador do PS disse que o faz com mágoa, porque “independentemente de ter perdido as eleições, disse na altura que iria cumprir o mandato até ao fim, não foi possível por motivos profissionais e deixo a porta aberta para que outras pessoas possam começar”.
Jerónimo Cavaco salienta que durante 14 anos desempenhou vários cargos a nível autárquico e nunca entrou em “jogos menos claros da política, sempre desempenhei as minhas funções com lealdade à lista que me elegeu e às pessoas que me acompanharam com a frontalidade necessária para colocar em causa as coisas que entendia e sempre com honra e dignidade”.
“A política tem uma tendência de evolução negativa, esquecem-se os valores que muitas vezes nos levam a unirmo-nos, valores como a seriedade ou a confiança, a proximidade de ideias que nos levam a ser amigos”, afirma.
Jerónimo Cavaco declarou que no último ano fez uma avaliação de tudo o que tinha desenvolvido enquanto autarca tendo concluído que não reunia as condições para poder continuar “a lutar da mesma maneira” pelo que decidiu sair.
No entanto o ex-vereador não sai magoado nem com o Partido Socialista nem com a Concelhia nem com a Federação de Évora, mas sim com “algumas pessoas que integraram as listas do Partido Socialista em 2009 e que em 2013 aspiravam outros voos completamente diferentes”.
Quando questionado, Cavaco disse que a rutura aconteceu com “pessoas que constituíram outra lista, que estão no MUB (Movimento Unidos por Borba), situação que podia ser resolvida se eu tenho aceitado as condições que me foram impostas pelo atual presidente da Câmara de Borba, mas o que eu defendia era a minha integridade moral e das pessoas que me acompanhavam e do projeto novo que queríamos seguir”.
Apesar de sair magoado com a politica, o pedido de renúncia ao mandato não o impedirá de continuar atento ao que se passa no concelho de Borba, salientando, “eu não me encaixo como peça do puzzle, mas se todos fizéssemos alguma introspeção sobre aquilo que é a atual politica, chegaríamos à conclusão que as pessoas estão descontentes com o rumo que as coisas levam”.
Ainda assim, Jerónimo Cavaco não descarta a possibilidade de voltar a candidatar-se nas próximas eleições Autárquicas, “aprendi que nós nunca devemos dizer nunca e não será um fechar de porta porque entendo que no dia que estiverem reunidas as condições e possa ser útil, fá-lo-ei, fechar a porta nunca, mas a seletividade neste momento é mais elevada”.
Jerónimo Cavaco critica a gestão da Câmara de Borba “ao sabor do vento e da forma que dá mais jeito, é uma gestão limitada, não há um plano de desenvolvimento para o concelho, não há uma estratégia definida e estamos todos de acordo que Borba faz bem, menos a câmara que não sabe aproveitar o que Borba faz bem”, levantando algumas questões sobre o que está a ser feito “na área do desenvolvimento económico do concelho, educacional, de recuperação económica e dos desempregados, “gerir a câmara como se está a gerir é fazer algumas atividades de folclore e outras de show off e poucas estratégicas e isso pagar-se-á no tempo”.