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Domingo, Abril 28, 2024

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João Gil em entrevista à Rádio Campanário diz que os concursos fazem “estrelas emergentes” que “se esgotam num programa de televisão” (c/som)

Os Tais Quais, um projeto musical que juntam João Gil, Tim, Vitorino, Jorge Palma, Sebastião Santos, Celina da Piedade, Paulo Ribeiro e Jorge Serafim, e que tem como base musical e cultural, o Alentejo e cancioneiro alentejano, estiveram em Borba na Festa da Vinha e do Vinho.

Em entrevista à Rádio Campanário, João Gil, um dos mentores do projeto, referiu que o conceito e o segredo dos Tais Quais está “no afeto” que existe entre todos os elementos, “a fraternidade e a relação de alguns anos”. “Quando nos juntamos já existe uma espécie de lastro, há uma história, o que sentimos é que isto só funciona se for com o coração nas mãos, senão soa a falso”.

Questionado sobre se, quando o grupo se formou houve uma atenção para as vozes dos elementos que constituem o grupo, diz que “antes de distribuirmos as vozes de cada um”, é pensado o que cada um dos elementos pode trazer para o grupo. Assem sendo, quando convidaram o Jorge Serafim, “foi a propósito de um espetáculo em Serpa de Cante Alentejano, em que se pretendia que os músicos levassem a tradição, mas que também levassem qualquer coisa cosmopolita, qualquer coisa do mundo e quando aparecemos foi com a história em que as pessoas olham para nós e começam a ouvir no seu imaginário os Xutos e Pontapés, Trovante, Rio Grande, e depois vem a geração nova e há aqui um cruzamento de gerações muito interessante. Já há filhos que na altura do Rio Grande, por exemplo, o Sebastião estava a lançar a fisga no teledisco do Rio Grande no Postal dos Correios e de repente estamos com o filho no palco”, significa que “há qualquer coisa a acontecer e este grupo é muito isso, é muito genético, é muito sincero, muito humano e ele vale por isso”.

João Gil diz que “o Alentejo não é só um local aprazível com boa comida, bom povo e boas anedotas, o Alentejo tem uma gravidade, é o epicentro de uma coisa única em Portugal e no povo português, é uma marca distinta, há uma genética diferente e é isso que eu adoro, o sentir que há uma corrente de história”.

Sobre o atual panorama musical em Portugal, diz que “a música portuguesa é muito rica na sua plenitude, há muitas experiencias ligadas ao fado e se não houvesse fado não havia os projetos Deolinda, Quarteto de Lisboa, Ala dos Namorados. Muitos projetos que vivem da relação que têm com a nossa história e a nossa genética e no Cante Alentejano já começam a surgir projetos que também têm essa relação e é isso que faz a marca e a diferença daquilo que é português e não é”.

Afirma que “ao longo de 30 anos, nós temos visto nos concursos de televisão, onde se revelam cantores”, nomeadamente, “Chuva de Estrelas, Operação Triunfo, Factor X, Got Talent, The Voice, mas todos eles tinham uma coisa em comum, projetar cantores, ou fazer estrelas emergentes e que ao virar de uma esquina dessem 300 autógrafos, fossem estrelas de um universo qualquer, mas isso não existe, esgota-se num programa de televisão no momento único de uma noite agradável”.

João Gil pergunta “onde estão os compositores, onde é que estão os autores, falta isso e falta projetar a galinha e os ovos para termos omelete”.

Diz ainda que nos últimos anos, “não se investe muito na riqueza e a riqueza está nos autores e sem eles não há nada de novo, nada acontece e por isso, infelizmente, muitas vozes fantásticas que aparecem, desaparecem, porque falta material (…) é preciso investir mais no mérito de quem faz, quem compõe, quem tem uma página em branco e em que é preciso pôr lá qualquer coisa”.

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