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Domingo, Abril 28, 2024

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Alentejo: Nova variante do vírus hemorrágico pode levar à extinção dos coelhos e lebres (c/som)

As zonas fronteiriças e todo o Alentejo, estão desde há alguns meses em estado de alerta, devido à febre hemorrágica e tuberculose bovina, que afectam as explorações pecuárias e os animais selvagens, pondo em causa a subsistência de algumas espécies, entre elas, o coelho bravo e a lebre. Existindo já explorações na zona de Barrancos, nas quais foi necessário abater todos os animais.

A febre hemorrágica afecta sobretudo coelhos e lebres, e quase levou no século vinte, à extinção do lince ibérico, continuando a ser a principal causa das dificuldades na reintrodução da espécie, na actualidade, já que, o lince se alimenta sobretudo de coelhos e lebres e há locais onde segundo os caçadores do regime livre, não existe um único elemento da espécie.

Ao que a Radio Campanário apurou, os concessionários das zonas de caça, apertaram a vigilância, com medidas de segurança rigorosas.  

O Ministério da Agricultura também já veio reconhecer que a situação é inquietante. Esta nova estirpe do vírus, descoberta em 2012 ainda está a ser estudada e para além das lebres e dos coelhos afecta espécies ameaçadas de extinção, sendo o problema de nível europeu.  

Jacinto Amaro, presidente da Associação Portuguesa de Caça, (Fencaça) falou com a Radio Campanário sobre as consequências e a extensão do problema, atestando que o mesmo se apresenta complexo com o agravamento, desde há “três ou quatro anos da doença vírus hemorrágico.” Com a diminuição das populações e até a sua intinção em “mais de 50% do país”.

O Alentejo era considerado “o último reduto, com uma população acentuada de coelhos e lebres.” Mas esta nova variante do vírus está a matar as populações juvenis, estando a lançar “o pânico” no sector da caça.

Segundo Jacinto Amaro, o sector já estava com imensas dificuldades na captação de jovens para a modalidade, onde a prática desportiva fica muito “cara em equipamentos,” embora a dificuldade em tirar a carta de caçador tenha sido colmatada com a baixa de custos e a diminuição de procedimentos, continuando a obtenção da licença de uso e porte de arma, dificultada. Achando o presidente da Fencaça que o novo imposto sobre chumbo, veio dificultar ainda mais o processo. Embora os “caçadores já atirem pucos tiros.”

Jacinto Amaro acrescentou ter feito uma proposta, ao “Sr. Ministro” para a urgência da “resolução do problema.” Por considerar que “há vinte anos” que se houve falar do surto, mas que, “do ponto de vista pratico a nós nada nos beneficiou.” Sendo no seu entender necessário “criar uma comissão, onde estejam representados os órgãos máximos e o sector da caça,” assim como a “veterinária e a investigação.” Sabendo a Fencaça quais os intervenientes “necessários” na intervenção, “reunindo na veterinária e na DGV” as pessoas que possam arranjar uma solução para a extinção eminente. Já que o “coelho bravo é a espécie mais emblemática da Bacia do Mediterrâneo.”

Jacinto Amaro deixa alguns conselhos a serem seguidos por todos os caçadores da região, sendo prioritário “deixar de caçar, vamos tentar, se a investigação não fizer o seu trabalho, pelo menos que o animal o faça.” Seguindo exemplos do “passado” em que a recuperação “foi possível.” Aconselhou também a necessidade de fazer chegar à Fencaça todos os coelhos, ou lebres que apareçam mortos, congelando e colocando o fígado dentro de uma garrafa plástica, que a federação forneceu para o efeito. Para que assim, possa ser enviado para análise com vista ao apuramento da causa da morte. Salientou também a importância da desinfestação das tocas. “Sei que a decisão,” de não caçar “é difícil,” mas é necessária para a defesa do futuro das espécies.   

Jacinto Amaro informou ainda que a contaminação, se estende por França, Itália, Espanha e Portugal, neste momento já não existem zonas intocáveis. Achando que a questão das vacinas “está ultrapassadíssima” por ser muito complicado apanhar os animais bravios no terreno e por não ser rentável, para os laboratórios. Ponderando que a solução pode passar por “colocar comedores” com medicação, aos quais os animais possam ir comer, devendo ser atractivos para os animais, mesmo em períodos de muita alimentação no terreno.  

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