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Terça-feira, Novembro 12, 2024

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Presidente da ARS Alentejo, José Robalo diz em grande entrevista que apesar dos esforços, 8% dos alentejanos ainda não tem médico de família (c/som)

O presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA), José Robalo, considera que 2015, foi um ano de muitos desafios.

Em entrevista à Rádio Campanário, José Robalo declarou que os maiores desafios foram “ao nível dos recursos humanos, foi a área mais difícil de conseguir acompanhar, uma vez que abrimos imensos concursos e a maior parte ficaram desertos, isto faz com que tenhamos feito junto do atual Ministro (da Saúde), um report das nossas necessidades e da preocupação sobre a necessidade de termos o número de profissionais que possam garantir a qualidade a que as pessoas têm direito”.

“Há um conjunto de medidas que está a ser ponderado pelo Ministério no sentido de haver uma atenção especial, particularmente para o Alentejo porque o Alentejo é das zonas com mais dificuldades em termos de fixação de recursos humanos (…) o senhor Ministro está sensibilizado para essa necessidade”.

Quando questionado sobre o atraso na resposta, nas urgências hospitalares verificado no inicio do ano, José Robalo assinalou que a situação não se deveu à falta de médicos mas “aos fluxos que se fazem a horas especificas e que muitas vezes, no momento, é difícil de adequar a resposta às necessidades, neste momento temos ao nível da região um conjunto de infraestruturas que nos permitem adequar a resposta em termos de internamento e de algum cuidado em relação ao atendimento dos utentes ao nível da urgência, obviamente que de vez em quando há alguns picos de procura e esses picos muitas vezes disparam os tempos de espera”.

José Robalo revelou que as alterações que foram feitas, a nível informático, tem disponível um conjunto de informação que facilita “os próprios utentes e nesta época em que habitualmente há uma maior procura dos serviços de urgência, gostaríamos que as pessoas respeitassem as orientações de forma a que os serviços pudessem dar a resposta mais adequada às necessidades” passando pela identificação do contacto com a linha Saúde 24, “um telefonema que pode facilitar o encaminhamento das pessoas para os locais mais adequados (…) as necessidades que não puderem ser resolvidas através deste telefone podem ser resolvidas também a nível dos centros de saúde, as pessoas devem aguardar o seu médico de família, o seu enfermeiro (…) no sentido de verem se necessitam efetivamente de cuidados mais diferenciados (…)”.

Instado sobre a diminuição dos tempos no bloco operatório do Hospital do Espirito Santo de Évora, José Robalo diz que em relação às cirurgias, as dificuldades “devem-se às necessidades em termos de anestesiologia (…) não tem a ver com cirurgiões (…) o número de anestesistas que temos na nossa região é um número restrito para o que são as necessidades (…) há um conjunto muito limitado de especialistas porque eles dão resposta a uma série de áreas e entre as quais o trabalho no bloco operatório, e há tempos que não se conseguem completar por falta desta especialidade”.

Mas há mais vagas por preencher, “e são muitas”, referiu, “desde logo pelos cuidados de saúde primários em que temos necessidades na área dos médicos de família, nós temos cerca de 21 médicos cubanos a trabalhar na nossa região, gostaríamos de ter portugueses mas não temos tido essa possibilidade, estamos gratos pelo trabalho que tem sido desenvolvido por estes profissionais, que nos têm ajudado a superar as falhas que tínhamos, mas mesmo assim continuamos com cerca de 8% da população sem médico de família e a área mais afetada é o Norte Alentejano (…) temos tentado ultrapassar esta questão com prestação de serviços que não são a solução que nós conseguimos encontrar para suplantar as necessidades da população”.

Relativamente ao serviço de Oncologia, o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo realçou que neste momento existe “um trabalho que está estabilizado, a resposta que os profissionais têm dado é muito adequada para as necessidades que temos sentido na região, temos que agradecer o esforço que tem sido feito (…) estamos a ver como é que podemos organizar os serviços ainda melhor”.

Em 2016, José Robalo deseja que “haja mais integração de cuidados, mais envolvimento de todas as unidades a nível regional para que deem a resposta adequada às necessidades da região, que todas as unidades trabalhem em conjunto e partilhem os seus recursos para poderem dar de uma forma uniforme, a prestação de cuidados que os alentejanos têm direito (…) apostar nessa integração de cuidados que é o trabalho que estamos a fazer neste momento em coordenação com o Ministério da Saúde”.

Sobre se já existiram reuniões com o novo Ministro da Saúde, José Robalo diz que tem havido reuniões semanais “com o senhor Ministro e os Secretários de Estado onde debatemos estes assuntos (…) tenho muita esperança que o senhor Ministro estará muito sensibilizado para se criar essa diferenciação”.

A concluir o presidente da ARS Alentejo deseja que neste ano, “haja por parte das unidades de saúde empenhamento na integração dos cuidados e por parte dos utentes a colaboração no sentido de cumprirem as recomendações (…) e por outro lado, apostarmos muito nos cuidados de proximidade, particularmente nos cuidados de saúde primários, e no polo oposto, utilizarmos os cuidados hospitalares integrados na região e que os doentes possam circular de forma a obter os melhores cuidados e quando não tivermos capacidade instalada, que possam ser referenciados para hospitais com qualidade e de forma organizada”.

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