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Comentário semanal do eurodeputado Carlos Zorrinho, aos microfones da Rádio Campanário (c/som)

Na revista de imprensa de hoje, dia 09 de novembro, contámos com o habitual comentário do eurodeputado do PS, Carlos Zorrinho. No dia de hoje os temas abordados foram: a data escolhida pelo Presidente da República para eleições antecipadas; o caso do tráfico de diamantes por militares das Forças Armadas; e ainda as atribuições de licenças para a exploração de minérios no país, em paralelo com os objetivos de descarbonização do país e da Europa.

Sobre a data de 30 de janeiro, escolhida por Marcelo Rebelo de Sousa para as eleições antecipadas poder ou não beneficiar os partidos de direira, “eu acho que é o menos importante, o mais importante é termos de facto as eleições antecipadas, que temos que todos que ir votar, seja em que dia for e fazer uma escolha muito ponderada” pois “é muito importante para o país”, contudo “podia ser um pouquinho mais cedo, eu preferiria que fosse um pouquinho mais cedo, mas também percebo que esta data permite que a Assembleia da República trabalhe mais algum tempo e também conclua alguns dossiês que são importantes”.

Assim sendo, “certamente o Sr. Presidente ponderou tudo e agora temos que aceitar essa data e o que importa é preparar-nos para fazer uma boa campanha e uma boa troca de propostas, análises de programas e uma votação em massa no dia 30 de janeiro”, afirma.

Questionado sobre a possibilidade de a data beneficiar os partidos de direita, nomeadamente o PSD e o CDS, que enfrentam processos de disputa de liderança internos, o eurodeputado socialista diz que “se eles estão a arrumar a casa, acho que também devem ter tempo para arrumar”. Pois “poderia não ser totalmente adequado estarmos a forçar esses partidos também a concorrer a eleições sem se terem resolvido os seus problemas internos”.

“As circunstâncias políticas, o facto de a direita estar ainda à procura de arrumar a casa e o facto de haver ainda alguns diplomas que têm que ser também resolvidos o mais depressa possível, acaba por tornar a data de 30 de janeiro uma data aceitável”, acrescenta.

Sobre o caso dos militares envolvidos no tráfico de pedras preciosas, Carlos Zorrinho diz que “obviamente que ninguém fica contente de saber que há corrupção e que há comportamentos desse teor em qualquer circunstância, seja numa empresa, numa instituição como as forças armadas”, contudo, “a boa notícia é que essa operação é circunscrita, foi descoberta, foi comunicada em tempo adequado, foi comunicada à Justiça, e a Justiça está a atuar”.

“A sociedade não é perfeita, portanto podem surgir circunstâncias de aproveitamento indevido das funções que as pessoas desempenham”, pois “não é para isso que as Forças Armadas estão certamente na Républica Centro-Africana”, salienta, dando o exemplo de ter participado do “da cerimónia de lançamento de uma missão de treinamento e de equipamento das Forças Armadas moçambicanas, que é uma missão europeia, mas feita muito pelas tropas portuguesas”, existindo um “enorme respeito, também em África, pela qualidade e pela capacidade das nossas tropas”. Considerando que “se há uma maçã podre, ainda bem que ela foi descoberta, ainda bem que ela foi retirada da cesta e ainda bem que a justiça está a atuar e que atue”.

Carlos Zorrinho diz que o caso o preocupa, “mas preocupava-me mais se não tivesse sido descoberto e se não fosse agora posto fim a isso”, ou “se fosse denunciado por alguém externo a nós próprios e nós não tivéssemos tido a capacidade de o descobrir e agora de o combater”.

No que diz respeito à aprovação da prospeção de minérios por parte do Governo, um pouco por todo o país e em especial no Alentejo, e sobre os questionamentos ambientais que algumas levantam, o eurodeputado diz que “essa é uma questão que tem dois lados”.

Contudo “se nós queremos atingir os objetivos que temos e que a COP26 também pretende, por exemplo na UE descarbonização total até 2050 e uma redução de 55% das emissões até 2030, é preciso fazer uma rápida mudança do uso dos combustíveis fósseis para o uso das tecnologias renováveis”. Porém, “parte dessas tecnologias que capturam, que armazenam energias renováveis, como as baterias que podemos usar nos carros, nos camiões ou nas nossas casas, assim como o exemplo dos painéis solares, como os relógios e os telemóveis – tudo isso que faz parte da nossa sociedade moderna – exige alguns minérios”.

Assim sendo, “o que é preciso é fazer o balanço”, salienta. “Primeiro toda a exploração mineira tem que ser feita com todas as garantias de reposição, de menor impacto possível para as populações e depois tem que se fazer o balanço daquilo que é o ganho e o custo que tem”, uma vez que nos dias de hoje temos “tecnologias para poder fazer isso com muito menos dano e muito mais valor acrescentado em termos de redução de emissões, para temos melhor qualidade de vida”.

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