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Liberdade p’las mãos dos Barristas-Estremoz:”o 25 de abril marcou-me muito; nasceu a esperança de um país melhor” diz Carlos Alves(c/som e fotos)

Integrada no Programa Comemorativo “50 anos em Liberdade: Comemorações do 50º aniversário da Revolução de Abril de 1974”, foi esta tarde inaugurada, na Galeria Municipal D. Dinis , em Estremoz, a exposição “Liberdade p’las mãos dos Barristas de Estremoz”.

Esta exposição surge a partir do desafio lançado pela Câmara Municipal aos barristas para que também eles se juntassem às comemorações e criassem uma peça alusiva ao tema do 25 de abril.

Entre os vários Barristas que participaram está Carlos Alberto Alves, com quem a Rádio Campanário falou na sessão de inauguração desta exposição.

O estremocense começou por nos contar “eu trabalho nesta área há 14 anos e comecei a trabalhar o Barro porque o meu primo era o Diretor do Museu e eu acompanhava-o muito nas visitas aos Barristas e a partir daí comecei a adquirir o gosto por esta arte.”

A vida levou-o a viver na zona de Mafra mas nem aí Carlos Alves se esqueceu desta sua paixão pois, como nos refere “a existência de olarias nas proximidades da sua área de residência levaram-me a começar a desenvolver trabalho nesta arte , pois tinha a possibilidade de adquirir o barro e de cozer os bonecos.”

Regressou à sua terra, Estremoz , há dois anos e é aqui que agora reside. Vive do trabalho que faz com o barro, é a sua vida, a sua principal atividade. Questionado pela RC se é fácil responde-nos “não é difícil ainda que existam dias piores , mas consegue-se”.

Na sua história de vida recordar-se-á sempre de ter vivido o 25 de abril. Adianta mesmo “esta será sempre a data mais importante para mim porque foi uma coisa já vinha mexendo comigo pois a minha família era antifascista, alguns perseguidos pela PIDE” acrescentando “para mim, o dia 25 de abril de 1974 foi um dia que me marcou profundamente, essencialmente porque me trouxe a esperança de um dia, de um país e de um mundo melhor.”

Talvez pela importância desta data histórica na sua vida, Carlos Alves diz que “foi fácil transpor os seus sentimentos na peça em barro que produziu para esta exposição porque esta peça já estava pensada na minha cabeça e teria surgido mesmo que o desafio não me tivesse sido feito pela Câmara Municipal.”

A peça que expõe define-se numa só frase, diz o seu criador “ esta peça representa a liberdade, contém todos os slogans , todas as palavras de ordem que na altura foram proferidas e que ainda hoje fazem sentido.”

Apaixonado confesso pelo barro e pela arte que escolheu, Carlos Alves não se imagina a fazer outra coisa. Lamenta contudo que na região, “as barreiras tenham desaparecido; ainda que existam não são exploradas o que leva a que nós barristas estejamos a trabalhar com barro que não é de Estremoz”.

Sobre a importância de preservar e salvaguardar esta arte e a importância de a transmitir ás gerações mais novas, é algo que para já não preocupa este Barrista. Para Carlos Alves “ela está no bom caminho, o facto de ter havido um curso de formação de novos barristas fez com que esta arte não se perdesse e que possa perdurar no tempo e isso é um bom sinal.”

A exposição conta ainda com peças dos BarristasAna Catarina Grilo, Ana Godinho, Duarte Catela, Inocência Lopes, Irmãs Flores, Jorge da Conceição, Madalena Bilro, Manuel Broa, Ricardo Fonseca, Sara Sapateiro e Vera Magalhães.

Pode ser visitada até ao dia 7 de julho.

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