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Domingo, Abril 28, 2024

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“Nós não sabíamos por onde ia passar a linha, o projeto foi-nos apresentado há três meses”, diz presidente da Câmara Municipal de Évora sobre traçado ferroviário (c/som)

A reativação da antiga linha ferroviária que liga o Porto de Sines a Badajoz com passagem por Évora, tem alarmado autarcas e população da cidade eborense, que não aceitam que o traçado atravesse a cidade elevada a Património Mundial. 

À Rádio Campanário, Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora, falou sobre as tipologias das cargas de mercadorias a serem transportadas bem como a divisão de várias habitações e o corte de algumas ligações rodoviárias e pedonais.

O autarca referiu que o município sempre defendeu “a absoluta necessidade desta linha, uma linha de mercadorias que ligue Sines à Europa, em particular passando por Évora e que depois liga Badajoz ao centro da Europa. É absolutamente fundamental para Portugal, para o Alentejo e para Évora (…) sobretudo quando estamos a fazer apostas muito grandes na criação do cluster da aeronáutica, da defesa do espaço, na área agrícola, na área das novas tecnologias e onde estão a decorrer investimentos na ordem dos 170 milhões de euros”.

Declara que “ter uma ferrovia de mercadorias é uma mais valia enorme, mas não pode ser a qualquer custo, nem passar por cima das populações, (…) não aceitamos que seja utilizado o antigo ramal de Estremoz para fazer passar uma nova linha com comboios de mercadorias, que podem atingir os 50 comboios dia e noite, com um tamanho de até 750 metros, (…) dividindo uma parte da cidade. Achamos que há alternativas. É preciso fazer a linha por fora e é isso que estamos a defender”.

Carlos Pinto de Sá salienta que pretende dar a conhecer aos moradores o que é que está a ser feito “no sentido de alterar aquilo que era já quase um facto consumado, por parte das Infraestruturas de Portugal e que nós não aceitamos”.

Expressa que a alteração proposta é em cerca de seis quilómetros numa linha de cem, “não há custos muito maiores por causa de uma alteração deste tipo”.

Questionado se a autarquia não conhecia o projeto visto que o concurso público vai ser lançado já neste mês de abril, Carlos Pinto de Sá diz que o projeto foi apresentado há cerca de três meses, “nós não sabíamos por onde ia passar a linha, o projeto foi-nos apresentado e na altura chamamos a atenção que iriamos estudar e iriamos comunicar. Fizemos esse caminho de diálogo e transmitimos às Infraestruturas de Portugal as nossas opiniões sobre a situação e a opinião de que aquele corte brutal feito dentro da cidade de Évora, era inaceitável e a resposta que obtivemos foi que estava decidido e não havia nada a fazer, nós não aceitamos a politica do facto consumado (…)”.

Instado sobre as alternativas, refere que “há várias possibilidades, como a utilização de uma parte do ramal de Reguengos, a criação de uma nova linha com vários traçados (…) havendo várias possibilidades, há que estudá-las e encontrar as soluções mais adequadas e não usar uma linha que é urbana, que na altura era utilizada por quatro automotoras por dia e agora teria uma característica completamente diferente para a qual não tinha sido projetada inicialmente”.

Sobre a audiência com o Ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Marques, Carlos Pinto de Sá garante acreditar que “a politica do quero posso e mando acabou e que há necessidade de diálogo para se ultrapassar os problemas (…), acrescentando que existem alternativas. “Acho que vai imperar o bom senso e o Governo e as Infraestruturas de Portugal vai aceitar sentar-se à mesa para podermos equacionar e resolver o problema”.

Instigado sobre a necessidade de existir uma alteração no projeto e no orçamento, o Presidente da Câmara Municipal de Évora admite que possa acontecer, “porque é diferente passar pelo ramal onde está, que construir uma linha nova ou utilizar outros troços”, chamando a atenção para os custos que “não são só os diretos, as várias travessias que havia entre bairros de Évora, são todas cortadas, os bairros ficavam sem acesso aos transportes públicos (…) quando pensamos num investimento estruturante, não podemos considerar apenas o investimento direto, temos que considerar tudo aquilo que é o impacto desse investimento, quer do ponto de vista positivo quer do ponto de vista negativo para tentar obviar as questões negativas e tendo isto em conta, julgo que é possível, estamos a falar de menos de 10% da linha que é possível alterar, sem que haja alterações substanciais ao nível do orçamento, mas seguramente tem que haver ao nível do projeto”.

A manter-se o projetado, o autarca assegura que os eborenses “terão muita dificuldade em aceitar que um comboio de mercadorias com 750 metros lhes passe à cabeceira da cama”.

 

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