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Sábado, Dezembro 14, 2024

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Reguengos de Monsaraz: “sabemos que este recinto se enquadra num fenómeno que tem escala europeia”, afirmou à Rádio Campanário, Mafalda Capela, no âmbito das descobertas arqueológicas na Herdade do Esporão (c/som)

Na sequência da recente descoberta de um vasto espóleo arqueológico de estruturas e de ossadas humanas no Complexo Arqueológico dos Perdigões, a Rádio Campanário esteve à conversa com Mafalda Capela, uma das arqueólogas responsáveis pelas escavações.

No decurso das escavações, que começaram há 18 anos, têm sido descobertos inúmeros objetos das mais diversas naturezas, que vão desde monumentos funerários a crânios humanos. Este ano contabilizam-se já inúmeras descobertas sendo muitas delas têm sido descobertas estruturais ao invés das normais descobertas artefactuais.

Inicialmente, os arqueólogos pensavam que os artefactos e estruturas inicialmente descobertos fariam parte de uma aldeia. Contudo,  com o avanço das escavações, chegaram à conclusão de que seria algo bastante diferente. Em declarações à Rádio Campanário, Mafalda Capela admitiu que “esta descoberta vem reforçar a convicção que temos de que os Perdigões serviam de cenário a estas práticas funerárias”, referindo ainda, que, estas práticas eram de diversas origens, desde enterramentos, trasladações, cremações e até fragmentação de corpos humanos.

Durante as escavações foram descobertas inúmeras estruturas, de entre as quais se destaca uma que, provavelmente, será uma estrutura do tipo tholos, à semelhança de uma outra que já foi descoberta num outro local do Complexo Arqueológico dos Perdigões. Segundo Mafalda Capela, esta estrutura é uma “sepultura coletiva que tem forma circular e à qual está associada um corredor e depois um pequeno átrio. Esta fossa circular tem as paredes forradas a placas de xisto, que estão dispostas na vertical e que fazem esta dita câmara onde os corpos seriam depositados.”

Quando questionada acerca da quantidade de artefactos estruturais e artefactuais, a arqueóloga disse não foi capaz de precisar o espólio total mas que, só em elementos artefactuais este chega a atingir as centenas de milhar. Contudo, a percentagem destes objetos que tem valores de investigação e algum valor estético é mais reduzida mas que, ainda assim, continua bastante elevada.

De referir que, estes artefactos pertencem ao período de transição entre o Neolítico e o período Calcolítico, ou também chamado de Pré-História Recente e está datado entre os anos 3000 a.C e 2000 a.C.

O Complexo Arqueólogico dos Perdigões, situado na Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, tem sido objeto de intervenção desde 1996, ao longo de cerca de 20 hectares. 

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