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“Todos querem ter algum papel no comando do porta-aviões” da geringonça (c/som)

O eurodeputado Carlos Zorrinho, eleito pelo PS, no seu comentário desta terça-feira, dia 03 de julho, começou por falar das declarações de António Costa, sobre as obras de remodelação do IP3, para depois falar das multas do fisco às omissões sobre os movimentos para offshores, terminando a sua análise com comentário sobre a solidez do acordo parlamentar que suporta o governo.

Sobre as declarações de António Costa, que referiu que as obras do IP3 inviabilizariam outros investimentos, Carlos Zorrinho sublinha que “os recursos são limitados”. Contudo, “uma das questões que eu tenho sempre salientando e que foi proposto por este governo, é que as grandes infraestruturas e as grande obras, terão que merecer um consenso do ponto de vista nacional”.

Por isso, “é importante que se viabilize uma estrada como o IP3”. Se “houve numa determinada fase da nossa democracia, na minha opinião, um excesso de investimento rodoviário”, “isso não deve agora fazer-nos ter uma atitude contrária” e “não reabilitar, não melhorar percursos que precisam de ser tornados mais seguros” e que “são estratégicos em termos do país”. Por outro lado, “obviamente que hoje é mais importante fazer investimentos ferroviários e hoje também precisamos muito de investimentos aeroportuários, mas isso não deve impedir-nos de fazer investimentos rodoviários importantes”.

Ao mesmo tempo, “águas passadas não movem moinhos”, diz o eurodeputado, questionado se os investimentos rodoviários impossibilitaram a preservação do património. Pois, “essa ligação direta entre o património cultural e as autoestradas não deve ser feita de ânimo leve”, uma vez que “os fundos europeus que permitiram fazer as autoestradas não permitiram se calhar fazer esse tipo de recuperações” ao nível do património cultural.

Atualmente, “o que é preciso é olhar para o futuro” e “fazer uma aposta muito forte na recuperação do património, como já foi feita no Alentejo”, e ao mesmo tempo “manter as acessibilidades que temos e melhorar as acessibilidades”, não só a Beja, mas a todo o Alentejo, pois “nós precisamos de ter uma malha de ligações seguras” que ligue as grandes cidades e vilas da região, para “tirar o máximo de partido das pessoas que temos e para atrair mais gente”.

No que diz respeito aos atrasos e omissões nas declarações relacionadas com offshores dos clientes dos bancos, que levaram a Administração Tributária a levantar 122 autos de notícia, Carlos Zorrinho é perentório ao afirmar que “esse é o maior cancro do mundo atual”, onde “de facto os capitais são muito difíceis de controlar e têm de facto uma volatilidade muito grande e isso depois torna difícil a manutenção de processos de justiças fiscal”. Principalmente num cenário onde “há muita fuga de capitais e depois esses capitais acabam por fazer falta para financiar aquilo que é determinante para o desenvolvimento dos territórios”.

Por isso, “é muito importante que o fisco tenha desenvolvido esses processos, é muito importante que haja um combate mais forte possível, mesmo com armas desiguais, a tudo aquilo que é ilegal”. Ao mesmo tempo “é também fundamental (…) alterar algumas leis porque há muitos procedimentos desses, como o uso de offshores, a transferência de dinheiro para paraísos fiscais, que sendo imoral não é ilegal, são processos que ainda estão previstos do ponto de vista legal, e é preciso apertar o mais possível essa malha”.

No que diz respeito à pressão que existe sobre o Governo, por parte do PCP e do BE, face às negociações sobre o Orçamento de Estado para 2019, Carlos Zorrinho diz que “em democracia tudo pode acontecer”.

Por outro lado, “estamos a um ano de eleições e o próximo orçamento que vai ser aprovado é um orçamento que todos os partidos vão querer usar” até para “se posicionarem antes das eleições”. Mas, se “o porta-aviões pode afundar, obviamente”, contudo “acho que ninguém quer neste momento que o porta-aviões afunde, mas por outro lado todos querem ter algum papel no comando do porta-aviões”, por isso “há um jogo de poder”. Mas, “em última análise, o que conta é que as pessoas, a maioria, possa viver melhor”.

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